sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Questão de sobrevivência

Quebrei a abstinência do cinema com um que vale a pena. A Pele Que Habito, de Almodóvar, é a prova de que o diretor consegue, a cada filme, se reinventar e superar na arte de chocar.

Ele, que materializa o tipo de filme que meu pai chama de "não assistiria isso com você", poupou-nos dos escândalos deslavados como em Tudo Sobre Minha Mãe e, dessa vez, choca por dentro, no íntimo, no que é de cada um, e só de cada um.


Almodóvar que, pra mim, sempre soube trabalhar as personagens femininas com muita delicadeza, como se as tivesse na palma da mão, traz companhia e representa, nesse último filme, a humanidade inteira empinhocada entre os dedos.

No fim, a mensagem é clara - e que pena que precisamos resgatar de forma tão brusca algo que deveria ser tão claro.

Independente de suas mudanças, do que o mundo faz com você ou do que você faz com o mundo, a sua essência, o seu interior, e o que há de mais íntimo, é o que te caracteriza. É isso que te faz como é.

Lutar pra perservar o íntimo individual é muito mais do que vaidade, é uma questão de sobrevivência. Cada vez mais cotidiana.

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