domingo, 25 de maio de 2008

as notas...


me diga por quê;
me dê as razões.
não. eu não preciso que você segure a minha mão.
só preciso das notas pra continuar.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Estranho.
Algo talvez deprimente.

Na verdade, é muito deprimente.
Essa imagem talvez seja digna mesmo de uma menção mais especial. Representa muita coisa.
O muro de pedra caiu. Há dezenove anos. Mas há muralhas ainda muito maiores, em cada fronteira, em cada divisão, em cada pedaço de chão sanguinariamente disputado.
O muro ainda continua. Permanece na sombra de nossas consciências; tacitamente reconhecível: nos ombros insólitos dos que proclamam falsas concórdias, uma presunçosa afetação, uma dissimulação não-declarada manifesta-se, através de guerras bem-declaradas, a dura realidade da muralha que desvanece o toque tão necessário, o toque franco, o toque sincero, a mão estendida... mas não, é preciso que no mundo haja excelentes atores, atores natos, magníficos personagens, arautos da "arte de representar". Tudo isto constitui a muralha, que ainda não caiu, infelizmente.
É gritantemente irônico, parece até conspiração, que no país da maior muralha de pedra, o país sede do maior evento do esporte mundial, esteja sendo palco de uma hilariante comédia humana. Os atores sempre mudam. Essa é a regra. O roteiro da peça contém sempre uma mesma diretriz, com alguns elementos distintos, mas o itinerário é imutável: vamos ver quem ganha o carnaval de fronteiras! Os atores, sempre com a mesma avidez - a mesma coçeira. O muro continua a subir, tá no alto, muito alto...
Esta humanidade é mesmo demente. Nós pensamos em termos muito diminutos. Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir ao espaço, ficou estupefato com o que viu ao ver a Terra do espaço, e disse mais ou menos assim: "Aqui do espaço exterior as divisões e fronteiras nacionais não se vêem. É incrível. Não é possível ter a sensação de divisões. As divisões geográficas perdem a consistência e o impacto, são reduzidas a nada. A Terra aparece como de fato é, um contínuo sistema integrado, uno e potencialmente harmônico."
É verdade, mas não dá pra levar todo mundo para o espaço pra se ter essa sensação. E mesmo assim, poucos teriam sensibilidade suficiente pra reconhecer que não há necessidade de muros e de barreiras. Voltando pro lado de cá, logo esses governantes do caralho já estariam prontos pra destruir tudo por aqui, e o mais incrível é que estariam prontos pra destruir tudo por traz de nomes lindos, como paz, união, tratados diplomáticos, e todo tipo de retórica fictícia que já torrou o saco de todo mundo. Todos em verdade defendendo seus territórios, suas nações dispotas num campo de batalha. Na verdade, desde criança eu me pergunto qual é a necessidade de se ter nações. "Imagine all the people..."
Virtualmente falando, a nossa espaçonave sui generis deveria ser Uma. Mas a "natureza" humana fala mais alto - alguém tem que pagar e alguém tem que ganhar. Como diz no filme Izo: “Nação é um delírio maléfico só existente nas mentes humanas; uma noção imaginária de falsidade que existe apenas para controlar e governar pessoas que instintivamente se aglomeram em bandos.”
É certamente radical conceber um mundo sem nações, mas isso é nada mais nada menos do que a prova do quanto somos atrasados evolutivamente. Em plena era da tecnologia, metade do mundo passa fome, e menos de 0,1% do mundo nada em rios de ouro. Se existem ET's lá fora, eles devem estar estarrecidos, completamente chocados com o quanto essa civilização é débil mental: nós devemos sofrer de uma demência hipnótica, uma patologia difícil de ser reconhecida.
Enquanto isso, muitas muralhas vão sendo construidas, e a gente vai ficando anestesiado na medida em que vai aprendendo a ver o caos instalado com o nosso próprio voto, com nosso próprio apoio.
muros para que? E por que realmente? quais as razões? as razões de fato talvez sejam apenas delírios maléficos só existentes em nossas mentes mesquinhas.
A gente deveria ter uma noção mais universal da vida, como tinha o genial Carl Sagan. E felizmente tem crescido no mundo o número de pessoas assim.
Para quem quiser, vejam essa foto tirada pelo Voyager 2, quando estava nos limites do nosso sistema solar, mostrando a terra, um pontinho diminuto em meio à vastidão do espaço: http://textos-legais.nireblog.com/blogs/textos-legais/files/blue_dot-sagan.jpg

Sobre essa imagem, Carl Sagan disse: ""A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto. Pensem nas crueldades cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus freqüentes conflitos, em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. Para nós, no entanto, ela é diferente. Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. (...) Todos num grão de poeira suspenso num raio de sol."

Estamos todo santo dia no fio de navalha do Crash - no limite máximo. Mas o limite, no final das contas, é um limite. Há uma certa pressão a partir da qual o limite deixa de ser intransponível, e o que virá depois disso... o que virá, só os deuses poderão nos dizer...