era aniversário da Julia Moretti e a gente tinha ido no supermercado comprar coisas pra fazer lasanha. o pai dela tinha acabado de se separar e tava morando num prédio perto da minha casa, com uma sacada boa e um monte de colchão na sala, do jeito que a gente gosta.
na volta do supermercado a Julia ficou lá embaixo esperando a mocinha do jornalismo na UnB que eu esqueci o nome, e eu subi com a Elisa e com a chave. tentei abrir a porta, mas a chave não rodava, a porta não abria... até que percebi que tava no andar errado, no apartamento errado.
subi correndo e ela foi atrás de mim, rindo, até que a gente chegou no apartamento certo.
lasanha pronta e janta feita, não me lembro de mais nada.
não lembro. lembro de umas fotos que tiramos no dia e até a roupa que eu tava, mas nao lembro do que fizemos - que filme vimos, que música cantamos, sobre o que falamos...
mas ela tava lá, com o sorriso tão puro e tão fácil, com jeito de quem não magoa, de quem não fere.
o que houve, então, pra que se ferisse assim, de forma tão grave?
Elisa, a menina da rua de cima da casa da Julia, de fala mansa e sorriso fácil se foi. se foi porque quis ou porque quiseram. mas se foi.
virou fruta daquele tipo de fruta que é flor.
e que assim seja, pra sempre.
amém.
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