sexta-feira, 29 de abril de 2011

Desabafo.

Tem gente reclamando do casamento real. Vestem a máscara do criticismo social e interrogam a pleno pulmões, cidadãos politicamente corretos e chatos: "Já deu, né?". "O que mudou na sua vida?".

Pois bem. Direito de resposta seja concedido: muita coisa.

A maioria de nós acorda - ainda cansado do dia anterior. Pensando em tudo o que tem que fazer e na to do list que parece não ter fim. Pega trânsito e logo às 8h39 da manhã já está xingando e sendo xingado no trânsito. Isso pra depois estacionar numa rua e rezar pedindo a todos os anjos para que o carro continue intacto até o fim do dia. Isso quando faz sol, porque quando tá chovendo com certeza o guarda-chuva vai ter ficado em casa.

Abre o jornal, só por rotina. E a rotina massacrante tá lá, estampada e ensanguentada: morte, furacão, ditadura, acidentes no feriado que batem record e um milhão de outras coisas que dá vontade de viver em marte.

Chefe cobra, terceiro não entrega, você fica louco e perde uns 3 anos de expectativa de vida de tanto toma café e fumar.

Academia e exercício físico, então, nem em sonho, porque cansa demais.

Isso sem falar das jornadas múltiplas: marido, família, filhos na escola, supermercado, o começo do mês com as contas a pagar e todas essas responsabilidades mensais, diárias, TELESENA - hora em hora.

É tanta rotina, é tanto sufoco que a gente esquece de olhar pro céu azul, apreciar um vento frio, relembrar velhas histórias de família ou simplesmente sorrir.

E ai, um evento desses, vem e deslumbra a gente.
Forget about the money.


Eu tô falando do resgate dos valores, da tradição, do bem cuidar e do cuidar bem. Dos protocolos (ai.... tão chatos) e tão respeitados por reis, prícipes e aqueles que simplesmente admiram.

Eu tô falando do sonho de toda menina em ser princesa. Do vestido branco. Do véu. Do "you look beautiful" inesperado do amado.

Em suma, estou falando de sonhos.


O casamento real - por mais surreal que possa parecer - faz sonhar. E em meio a tanta coisa, o que faz sonhar muda - sim - e muito a minha vida.

Nem que seja por um dia.

terça-feira, 26 de abril de 2011

mim, eu, eu mesma.

eu preciso voltar a escrever.

eu preciso voltar a escrever ouvindo música bonita, daquelas que você pára pra escutar o acorde seguinte porque ele faz a sua nuca arrepiar.

eu preciso voltar a ouvir música bonita.

eu preciso voltar a ouvir música bonita olhando pra cada janela de prédio lá fora, imaginando a minha sorte ou a minha má sorte em estar rodeada por formigueiros humanos.

eu preciso, na verdade... na verdade, eu preciso parar de olhar pras formigas rotineiras lá fora, cada qual com sua janela, ora apagada ora acesa, e preciso voltar a olhar pra minha própria janela, pra minha luz e até mesmo pra minha cortina fechada.

eu preciso olhar pra mim, escrever, ouvir música bonita e sentir arrepio na nuca pra sentir que tô viva.

eu preciso de mim.
eu esqueci daqui.

acho que é porque esqueci de mim.